quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

A ecologia profunda de Arne Naess


A ECOLOGIA PROFUNDA DE ARNE NAESS

Hildo Honório do Couto
Unversidade de Brasília
(Professor Emérito)

A ecologia profunda é uma das mais importantes fontes de inspiração para a análise do discurso ecossistêmica/ecológica (ADE), motivo pelo qual achei de bom alvitre divulgá-la neste meu blog. Ela é uma das orientações filosóficas mais importantes e interessantes da ecologia geral. Se a ecologia biológica se destina a estudar as interações (I) entre as populações (P) de seres vivos e seu meio ambiente, habitat ou território (T) -- bem como as interações desses seres entre si --, no fundo no fundo, a ecologia profunda visa mais a valorizar a gestão de tudo isso pelos humanos. Por isso, começo pela ecologia biológica, com o objetivo de mostrar que praticamente todas as suas categorias são aceitas pela ecologia profunda, que lhe acrescenta mais algumas que têm a ver direta ou indiretamente com o modo pelo qual os humanos devem se relacionar com os demais seres e com o ambiente1. 
Qualquer manual de introdução à biologia ou à ecologia propriamente dita diz que ecologia é o estudo das relações (inter-relações) entre os seres vivos e o ambiente em que vivem. O todo constituído por esses seres vivos e respectivo ambiente constitui o ecossistema, que é o conceito central da ecologia. O conjunto formado pelos seres vivos que convivem em determinado território constitui uma comunidade biológica, ou biocenose. Os fatores abióticos, que constituem o biótopo, o lugar em que ficam os seres vivos de uma mesma espécie, é o habitat. Fala-se também em nicho ecológico, que se refere mais ao papel desses seres no meio ambiente. Quanto a população, é um conjunto de indivíduos da mesma espécie que convivem no mesmo espaço territorial. Quando os indivíduos da mesma espécie, além de conviverem em determinado território, cooperam entre si, formam um todo relativamente coeso, chamado sociedade.
O mais importante no ecossistema não são os organismos nem o território, tomados isoladamente ou em conjunto. O que interessa à ecologia são as inter-relações, tanto entre eles e o mundo quanto deles entre si. Essas relações que podem ser intraespecíficas (entre seres da mesma espécie) ou interespecíficas (entre seres de espécies diferentes). Elas podem também ser de cooperação ou de competição. Hoje há uma tendência a enfatizar a cooperação, contrariamente à orientação original de Darwin, que via a evolução como uma competição desenfreada, na qual sobreviveriam os mais fortes. Eles é que seriam selecionados. No entanto, a cooperação está mais em consonância com o espírito do taoísmo, com a harmonia, que leva à comunhão (Couto 2017). Cooperar é adaptar-se, e quem se adapta mais tem mais chances de sobreviver. Afinal, nenhum ser vivo consegue sobreviver e reproduzir-se senão em grupo.   
Embora o assunto não seja tratado pelos ecologistas biológicos, observando o que fazem notamos que há alguns princípios subjacentes a sua ciência. Começando pelo conceito central de ecossistema, notamos que ele é um todo, demarcado pelo investigador. Isso leva ao princípio geral da totalidade, em outros contextos chamado de holismo. Como os organismos têm que viver de acordo com as condições de seu meio ambiente, estão sempre num processo de adaptação a ele porque eles têm que manter o próprio corpo em equilíbrio ou homeostase, que é um tipo de harmonia. O próprio ecossistema tem que estar nessa condição. A adaptação tem que se dar sempre, uma vez que o ecossistema está em constante evolução. Evoluir é adaptar-se e adaptar-se é evoluir.
Uma característica de todo ecossistema é o que se poderia chamar de porosidade, uma vez que ele não tem fronteiras nitidamente delimitadas. No mundo real, o que há é um continuum, justamente devido ao fato de que tudo no mundo está de alguma forma inter-relacionado. Os ecossistemas se imbricam uns nos outros, havendo migrações de organismos entre eles, troca de matéria, energia e informação, de modo que é difícil, se não impossível, dizer-se onde termina um ecossistema e onde começa outro. Por isso ele é delimitado pelo ecólogo.
Outro conceito muito importante é o de diversidade, uma das mais apreciadas pela ecologia social. Todo ser vivo tem seu papel na grande teia da vida. Mesmo que ainda não saibamos qual é sua importância, ela existe. Do contrário a natureza não o teria deixado sobreviver. Vejam-se, por exemplo, as cadeias e as redes alimentares. A presença de um predador pressupõe a da presa, e ambos são necessários para o equilíbrio do ecossistema. O que é mais, para haver estabilidade (homeostase) no ecossistema, é necessário que haja diversidade de espécies. Sua redução pode causar perturbações que, a médio e longo prazos, podem causar o colapso de todo o sistema. Quanto mais complexo e diversificado for um ecossistema, mais estável ele será, menos suscetível de desaparecer. Havendo espécies com funções semelhantes, mesmo que uma desapareça, outra assumirá seu papel, de modo que o todo permanece estável.
Há diversas outras categorias/propriedades do ecossistema que são importantes para a ecologia profunda (algumas delas virão à tona na discussão abaixo). No entanto, gostaria de lembrar que, como a natureza não teve início nem terá fim, na ecologia trabalha-se com uma visão de longo prazo, equivalente a sustentabilidade. Sem ela, a solução de um problema momentâneo pode implicar o aparecimento de problemas mais sérios e insolúveis no futuro. É preciso seguir os passos da natureza, pois ela não tem pressa e suas leis são invioláveis. Ela prosseguirá conosco ou sem nós. A opção de continuar nela e com ela é nossa. Por isso, é muita arrogância nossa falar em "proteção da natureza". Nós é que precisamos ser protegidos. Não podemos pensar apenas no benefício imediato. Do contrário, para tornar a vida de uma pequena minoria mais confortável no presente, podemos inviabilizar a vida de todos no futuro. 
Praticamente todos esses conceitos da ecologia biológica estão em sintonia com o que já defendiam os hindus, os budistas e os taoístas. Mas, a ecologia social e a filosófica falam uma linguagem mais compreensível aos ocidentais. A orientação filosófica que passou a ser chamada de ecologia profunda está nesse caso. Ela foi proposta pelo filósofo norueguês Arne Naess (1912-2009) no início da década de setenta do século passado, partindo de ideias do filósofo Baruch Spinoza (1634-1677), de Mahatma Gandhi (1869-1948) e de visões de mundo (filosofias) orientais, tais como as que acabam de ser mencionadas. Em um texto de 19732, Naess esboçou as linhas gerais dessa ecofilosofia (filosofia que se interessa pelo meio ambiente), cuja versão pessoal dele passou a ser chamada ecosofia. Trata-se de uma sabedoria inspirada na, mas não derivada da ecologia. Se transpusermos mecanicamente conceitos biológicos para as áreas social e psicológica, poderemos cair em uma espécie de darwinismo social, que justificaria o holocausto que Hitler infligiu aos judeus, além de outras barbaridades. Esse é um dos perigos do ecologismo, ou seja, seguir à risca princípios das ciências naturais inadequadamente e incompletamente, por exemplo, não aplicando na íntegra o de diversidade. Como veremos mais abaixo, uma das normas fundamentais da ecosofia é autorrealização (esse é um conceito específico da ecologia profunda frente á biológica), só que autorrealização para todos os seres, não apenas para os humanos. A ecologia opta por uma visão total, abrangente, holística, que leva em conta toda a diversidade existente no mundo. Enfim, a ecosofia representa uma mudança da ciência (ecologia) para a sabedoria (sophia é sabedoria em grego). Nesse sentido, ecosofia é um ramo da ecofilosofia, ou seja, a filosofia que se interessa por questões ambientais, melhor, pelas questões da vida na face da terra. Tudo isso já existia como pano de fundo no taoísmo tradicional, sobretudo como está exposto em Lao Tzu, Chuang Tzu e Lie Tzu. No tardio Huai nan tzu, temos ideias claramente ecológicas. 
O texto de Naess de 1973 pode ser considerado como uma espécie de manifesto da ecologia profunda, apesar de o objetivo inicial ter sido distinguir entre "ecologia rasa" (shallow ecology), que já vinha sendo praticada por alguns ecologistas, e "ecologia profunda" (deep ecology), que ele sempre almejou. Os seguidores do que chamou ecologia rasa lutam contra a poluição e a exaustão dos recursos naturais, embora o façam na medida em que isso não contrarie interesses humanos imediatos, o que implica uma postura claramente antropocêntrica. Mesmo que isso represente prejuízo, e até extinção, de outras espécies porque veem o mundo da perspectiva do desenvolvimento. Entre interesses imediatos e a preservação da natureza, ficam com a primeira opção. Quando muito chegam ao "desenvolvimento sustentável". Só que sustentável para os humanos, a curto prazo, não para todas as espécies a longo prazo.
A ecologia profunda tem uma visão englobante e de longo prazo. Coloca a sobrevivência de todos os seres, não apenas dos humanos, em primeiro plano, defendendo uma igualdade de direitos biosférica. Não apenas no presente, mas a médio e longo prazos.
A ecologia profunda defende a diversidade em todas as suas manifestações, com os diversos seres vivendo numa espécie de simbiose, mesmo que, às vezes uns tenham que comer os outros. Isso faz parte da cadeia trófica e do equilíbrio ecossistêmico. A diversidade que defendem implica complexidade, que é muito diferente de complicação. Por exemplo, já vimos que quanto mais complexo (diversificado) for um ecossistema, mais rico ele será. No entanto, a ecologia profunda também luta contra a poluição e exaustão dos recursos naturais, não necessariamente por serem úteis aos humanos, mas por ver neles valor intrínseco. No domínio do sociopolítico, ela defende autonomia local de pequenas comunidades contra um poder central todo-poderoso. Por fim, ela tem uma postura decididamente anticlasse, sem discriminação de qualquer espécie.
A essência da ecologia profunda é fazer perguntas profundas. Ela procura pelo que é essencial, fundamental, não pelo que é apenas aparente. Ela pergunta sempre pelo porquê e pelo como, o que os seguidores da ecologia rasa raramente fazem. A natureza não está aí para ser usada por nós. Ela tem valor em si mesma e como tal deve ser respeitada. Afinal, nós somos parte dela. Nós não estamos "na natureza"; nós somos natureza, somos parte dela.
A expressão "ecologia rasa" pode dar a impressão, e tem dado, de que Naess veria seus seguidores com um certo ar de superioridade uma vez que ele segue a orientação oposta, a "ecologia profunda". Para desfazer mal-entendidos, em vez de "ecologia rasa", às vezes se tem falado em "ecologia reformista" ou, então, simplesmente ela não é mencionada. No que tange ao ponto de vista oposto, frequentemente se diz "seguidores da ecologia profunda", em vez de "ecologistas profundos". A palavra "profundo" é usada para ressaltar o fato de que essa linha de pensamento se põe questões fundamentais, de profundidade, não por se considerarem mais "profundos" ou "importantes" do que os demais ecologistas. Seus seguidores sempre procuram pelas razões primeiras de tudo. Naess lembra que fazer perguntas fundamentais não é ser fundamentalista, o que representaria posições radicais, que tem levado à violência, fato não aceito pela ecologia profunda.
A ecologia reformista modernista assume uma postura tecnocrática, abstrata. Portanto, é reducionista, atomística, ou seja, vê o mundo como um conglomerado de seres independentes. A ecologia profunda, por outro lado, vê o mundo como algo orgânico, multidimensional e multifacetado, em que tudo está ligado a tudo. De modo que cada ser é uma espécie de miniatura (microcosmo) do todo, o macrocosmo. Esse mundo é vivo, fato constatado até na ciência, como na hipótese de Gaia (Lovelock 2001). Para a ecologia profunda, tudo está em permanente evolução, por ciclos.    
Em 1984, Naess propôs, juntamente com George Sessions, o que ficou conhecido como Plataforma do Movimento da Ecologia profunda, publicada logo em seguida em diversos volumes dedicados ao assunto3. Vejamos os oito princípios dessa plataforma, como traduzidos e apresentados em Couto (2007: 37). Na sua ecosofia pessoal, chamada ecosofia T, Naess acrescenta o princípio da autorrealização, que está mencionado em várias partes do presente capítulo.

Princípios da Plataforma do Movimento da Ecologia Profunda
1. O bem-estar e o florescimento da vida humana e da não-humana sobre a terra têm valor em si próprios (sinônimos: valor intrínseco, valor inerente). Esses valores são independentes da utilidade do mundo não humano para propósitos humanos.
2. A riqueza e a diversidade das formas de vida contribuem para a realização desses valores e são valores em si mesmas.
3. Os humanos não têm nenhum direito de reduzir essa riqueza e diversidade, exceto para satisfazer necessidades humanas vitais.
4. O florescimento da vida humana e das culturas é compatível com uma substancial diminuição na população humana. O florescimento da vida não humana exige essa diminuição.
5. A interferência humana atual no mundo não humano é excessiva, e a situação está piorando rapidamente.
6. As políticas precisam ser mudadas. Essas políticas afetam estruturas econômicas, tecnológicas e ideológicas básicas. O estado de coisas resultante será profundamente diferente do atual.
7. A mudança ideológica é basicamente a de apreciar a qualidade de vida (manter-se em situações de valor intrínseco), não a de adesão a um sempre crescente padrão de vida. Haverá uma profunda consciência da diferença entre grande (big) e importante (great).
8. Aqueles que subscrevem os pontos precedentes têm a obrigação de tentar implementar, direta ou indiretamente, as mudanças necessárias (Originalmente apresentados em: Couto, Hildo H. do. 2007. Ecolinguística: Estudo das relações entre língua e meia ambiente, Brasília: Thesaurus, p. 37)

O primeiro princípio defende a vida em todos os sentidos, numa visão biocêntrica e ecocêntrica, contrariamente ao antropocentrismo da ecologia reformista (rasa) e de outras orientações do pensamento ocidental. Tudo que é vivo merece respeito e deve ser preservado. Não há nenhum ser vivo "inútil" na natureza. Até mesmo as "ervas-daninhas" e os animais "ferozes" e "peçonhentos" estão nesse caso. O fato de não serem diretamente "úteis" aos humanos não importa. Se eles estão aí há centenas ou milhares de anos é porque têm uma função na teia da vida. Aí se incluem seres que, em outros contextos, não seriam vivos, como rios, mares e cursos d'água em geral, bem como ecossistemas e paisagens. Aliás, o respeito deve ser estendido até mesmo aos aspectos abióticos da natureza, como as montanhas, a terra, o ar, as rochas etc., numa atitude parecida com a de São Francisco de Assis. Tudo isso independentemente de serem úteis aos humanos ou não. Tanto que a maioria deles, se não todos, já existiam bem antes do aparecimento do homo sapiens. Após o desaparecimento dos humanos, muitos deles subsistirão.
O segundo princípio enfatiza a questão da diversidade que, como vimos acima, é parte da própria ecologia biológica. Esta última, aliás, já reconheceu que quanto mais diversificado for um ecossistema, mais vital ele será, menos suscetível de ser exterminado. Aliás, para a ecologia profunda, o princípio da diversidade se estende ao domínio do social. Tanto que o princípio da autorrealização da ecosofia T de Naess preconiza não apenas autorrealização para todos os seres. Defende também a ideia de que ela está intimamente associada a uma maximização da diversidade, o que significa que, ao fim e ao cabo, autorrealização anda de mãos dadas com diversidade. Poderíamos traduzir isso como respeito à diferença, em todos os níveis e setores do mundo e da vida. Isso implica não discriminação e uma condenação de todo e qualquer tipo de preconceito. Não têm sentido algumas afirmações já feitas de que a ecologia profunda seria antropocêntrica e androcêntrica (defensora do masculinismo), embora outros autores já tenham sugerido justamente o contrário, que ela seria misantropa. Nenhuma dessas críticas entendeu o que está claramente expresso nos oito princípios e em outros textos de Naess e seguidores.
O terceiro princípio é um tanto polêmico. Afirmar que os humanos não têm o direito de reduzir a diversidade de espécies e seres existentes no mundo tem levado a alegações de que a ecologia profunda seria misantropa, contra os humanos. Para começo de conversa, veja-se a ressalva "exceto para satisfazer necessidades vitais". Há uma ênfase no "vital", com a finalidade de mostrar que os humanos devem tirar de seu meio ambiente apenas o necessário para viver. É preciso ficar bem claro que defender o direito de todos os seres vivos não é igual a não defender o dos humanos. Pelo contrário, os direitos dos humanos estão incluídos nos direitos dos demais. Isso é legítimo, tanto que todas as demais espécies tiram o de que necessitam de seu entorno. Inclusive os animais carnívoros se alimentam de outros animais, em geral herbívoros. No entanto, eles só matam o de que precisam para sobreviver. Eles não comem além do necessário. Não há leões nem leopardos obesos. 
Outro princípio que tem sido objeto de muito debate é o quarto. Ele afirma educadamente que "o florescimento da vida humana e das culturas é compatível com uma substancial diminuição na população humana", em vez dizer diretamente "é preciso diminuir a população mundial". Antes de mais nada é preciso ficar claro que não se trata de eliminar parte dela, mas diminuir o ritmo de proliferação. Se isso acontecer, a população do globo terrestre diminuirá naturalmente.
Outros autores já apontaram para o fato de que o aumento da população humana da década de cinquenta do século passado aos dias atuais é maior do que o que se deu desde que os humanos surgiram na face da terra até 1950. O alto nível de vida de países da Europa, Estados Unidos e Japão, por exemplo, pode dar a falsa impressão de que a vida melhorou. Na verdade, ela "melhorou" aparentemente, e não para todos os habitantes desses países. Além disso, na África e em outras regiões do chamado "terceiro mundo", há milhões de pessoas morrendo de fome, ou então subalimentadas. Trocado em miúdos, o número de pessoas (cerca de seis bilhões) que habitam a terra já ultrapassou a capacidade que ela tem de alimentá-las. Seria necessária uma segunda terra para que todos tivessem o nível de vida da Escandinávia, por exemplo. Isso sem falar nas espécies não humanas, muitas delas já extintas e outras em via de extinção, devido ao tipo de economia que nós praticamos. Por isso, a população tem que, necessariamente, parar de crescer. O princípio termina afirmando que a vida dos demais seres, a vida não humana, exige essa diminuição.
O quinto princípio explicita a causa para o estado de coisas que acaba de ser descrito em linhas gerais. "A interferência humana atual no mundo não humano é excessiva". À medida que a demanda por gêneros alimentícios aumenta, diminuem as espécies que têm servido para isso, ou seja, os demais animais e as plantas. Além disso, água doce de que todos dependem também está diminuindo. O fato de haver enormes rebanhos bovinos, ovinos, caprinos e suínos, por exemplo, não contradiz essa afirmação. A criação intensiva dessas espécies domesticadas exige devastação de grandes áreas de floresta, para pastagem, por exemplo. Isso implica extinção de ecossistemas inteiros, ou seja, de diversas espécies vegetais e animais, o que choca frontalmente contra o princípio da diversidade (princípio 2). Infelizmente, "a situação está piorando rapidamente". Como disse Arne Naess, a situação tem que chegar ao ponto máximo de insustentabilidade para que surjam medidas que tentem revertê-la.
O princípio seis recomenda uma mudança radical nas políticas atuais. Em vez de alto padrão de vida, dever-se-ia dar preferência a qualidade de vida. Em vez de a economia se centrar no PIB (produto interno bruto), deveria priorizar o IDH (índice de desenvolvimento humano). O grande problema é que "essas políticas afetam estruturas econômicas, tecnológicas e ideológicas básicas". Como o objetivo das indústrias não é primordialmente atender necessidades humanas vitais, mas dar lucro ao proprietário, frequentemente elas criam necessidades que não tínhamos, criam dificuldades para vender facilidades, como acontece na informática, por exemplo. Quer haja mudanças, quer não, "o estado de coisas resultante será profundamente diferente do atual". Se a economia não incluir a ecologia, a diferença será para pior, como já vimos no princípio anterior.
Se a economia levar em conta a ecologia, se houver mudança para melhor, poderá haver um realinhamento ideológico que ponha a qualidade de vida em primeiro lugar, em que as coisas mais importantes da vida (que têm valor intrínseco) preponderem, como está dito no sétimo princípio. Em vez do ter, valorizaremos o ser. Aliás, as coisas mais importantes da vida não custam dinheiro, tais como saúde, amor, amizade, a tranquilidade proporcionada pela contemplação do céu estrelado, do mar azul, de uma montanha majestosa, enfim, a própria vida. Frequentemente só valorizamos a saúde quando a perdemos. Só percebemos o valor do amor e da amizade no leito de morte. É nesse momento que vemos o quanto é bom estar vivo. O consumismo capitalista levou muitas pessoas à neurose da compra, mesmo de coisas desnecessárias para a vida como tal. É preciso que haja uma mudança radical em nosso modo de viver.
O oitavo princípio apenas recomenda que aqueles que seguem os princípios precedentes, ou seja, os seguidores do movimento da ecologia profunda, têm obrigação de convencer as pessoas, sobretudo as que têm poder de decisão a mudar suas políticas. Isso pode ser feito tanto diretamente, dando o exemplo, como recomendado no taoísmo, quanto indiretamente, instruindo as pessoas sobre como agir de modo ecologicamente sustentável. A ecologia profunda não é apenas uma filosofia descritiva de determinada maneira de viver. Ela é também claramente prescritiva, no sentido de que seus seguidores tentam mostrar o que deve e o que não seve ser feito, a fim de não violentar a natureza. De um modo geral, no entanto, os seguidores dessa ecofilosofia (ou ecosofia) não se arvoram em juízes do certo e do errado. Como sugeriu Aldo Leopold, se quisermos usar esses termos, podemos considerar como "errado" tudo que vai contra a vida, e/ou que traz sofrimento. O que não vai contra ela, nem traz sofrimento a nenhum ser, não pode, legitimamente, ser considerado "errado". Vejamos a situação da mulher em algumas facções muçulmanas. Já se alegou que não devemos condenar certas práticas, como o tratamento dado à mulher nesses contextos, mesmo sendo claramente injusto e desumano para com elas. O motivo de não devermos condená-las, alega-se, é o fato de muitas mulheres locais as apoiarem. Os seguidores da ecologia profunda não se manifestam contra esses costumes diretamente. No entanto, apoiam a pequena minoria muçulmana local que não está de acordo com eles e os critica. Assim, estamos apoiando pessoas que estão no contexto muçulmano.   
Um pouco mais tarde, o próprio coformulador desses oito princípios, George Sessions, reconheceu mais doze "tendências" recomendadas pelo movimento da ecologia profunda. Segundo ele, Naess e seguidores "vão na direção de 1) usar meios simples; 2) anticonsumismo; 3) apreciação das diferenças étnicas e culturais; 4) esforço para satisfazer necessidades vitais de preferência a desejos; 5) procurar profundidade de experiências de preferência a intensidade; 6) tentativas de viver na natureza e promover a comunidade de preferência a sociedade; 7) apreço por todas as formas de vida; 8) esforço para proteger ecossistemas locais; 9) proteção de espécies selvagens em conflito com animais domésticos; 10) agir não violentamente; 11) preocupação com a situação do terceiro e do quarto mundos e tentativa de evitar um padrão de vida excessivamente diferente de e superior ao necessário; 12) apreço por estilos de vida que são universalizáveis e não claramente impossíveis de ser mantidos sem injustiça para com o próximo e outras espécies"4.
O próprio Naess já afirmou que os slogans "a natureza sabe mais"5, "o pequeno é bonito (small is beautiful)" e "tudo está relacionado a tudo" são excelentes, pois estão em perfeita sintonia com os princípios da ecologia profunda. Em outros lugares ele sugere outros slogans, tais como "viva e deixe viver" e "simples nos meios, rico nos fins". Este último indica que usar o mínimo de coisas possível pode levar a uma vida mais plena, mais rica, se pensarmos no que é realmente importante para a vida, não para a ostentação. Tanto que em inglês há o slogan de que less is more, que implica, por exemplo, que quanto menos coisas tivermos, mais as valorizamos e mais livres somos. Quanto mais coisas tivermos, quanto mais ricos formos, mais preocupados com os pertences seremos. E se estamos preocupados, não estamos felizes. A felicidade é um dos objetivos da ecologia profunda, apresentada por Naess sob a rubrica de autorrealização. Só que autorrealização de todos os seres. É impossível sermos felizes no meio de pessoas infelizes. Ninguém se autorrealizará sacrificando gratuitamente seres de outras espécies, ou da própria. Membros de nossa sociedade fazem isso, mas se trata de desvios de conduta, de anomias causadas pelo modo individualista e competitivo de vida introduzido pelo capitalismo.   
Seria interessante retornar às fontes em que Arne Naess se inspirou para propor a ecosofia da ecologia profunda. Uma delas foi sua vivência direta com seres mínimos na cadeia trófica, como camarões, peixes pequenos e outros. Ele afirma que, quando era criança, ficava horas a fio a observá-los. Notou que todos eles estavam atrás da própria sobrevivência, procurando alimento ou o ambiente que lhes era mais propício. Isso foi uma das inspirações para a ideia da autorrealização, não apenas dos humanos, mas de todos os seres. De Gandhi, sobre o qual escreveu um livro inteiro, ele tirou princípios como humildade e firmeza sem agressividade. Em Spinoza ele encontrou muito da fundamentação filosófica que utilizou. Naess se inspirou também em religiões e visões de mundo orientais. Uma religião que ele cita com muita frequência é o budismo. Por fim, tanto ele quanto seus seguidores mencionam também hinduísmo e o taoísmo.
Para ser um seguidor do movimento da ecologia profunda não é necessário, e talvez nem recomendável, que se siga à risca o exemplo de seu criador, que praticava a ecosofia T, que segue um conjunto de premissas espinozistas. A orientação criada por ele é altamente tolerante. Para acomodar a diversidade de orientação admissível, Naess propôs o que chamou de "diagrama do avental", com quatro níveis. O nível 1, o superior, é o das premissas fundamentais do seguidor. É o conjunto de crenças que cada um de nós tem como inabaláveis. As do próprio Naess constituem sua ecosofia T, de Tvergastein, nome de sua cabana no alto da montanha Hallingskarvet, na Noruega. Para se ter uma ideia do que isso significa basta lembrar que dentro da cabana há uma placa com os dizeres em latim vana verba hic loqui non licet, ou seja, verbosidade vazia não é bem-vinda aqui. Trata-se de um lugar de meditação e de contemplação. Essa ecosofia nasceu das fontes mencionadas e de sua vivência desde a infância. Exatamente como nos sábios taoístas.
O seguidor da ecologia profunda pode ter outras premissas fundamentais, outras crenças6. Ele pode ser budista, cristão, taoísta ou até seguidor do animismo. Se aceitar os oito pontos da plataforma vistos acima, que formam o nível imediatamente inferior (nível 2), poderá ser considerado um seguidor do movimento da ecologia profunda. Com isso, haverá sintonia com os demais no nível 3, que é o das consequências normativas gerais das hipóteses factuais. É o nível das visões gerais, não concretas de cada um, de seu estilo de vida, de suas políticas. É também o nível das motivações, das causas do que faz.
Por fim, temos o nível 4, das decisões práticas, da ação. Nesse nível, o seguidor pode ser um ativista, como os do Green Peace, mas pode ser também apenas um educador, como um professor que tenta conscientizar seus alunos e outras pessoas sobre as consequências de nossos atos para nós mesmos e para as gerações futuras (visão de longo prazo). Só não pode ser um ecoterrorista, que solta bombas nas indústrias poluidoras. Isso é violência, e vai contra os princípios pacifistas adotados de Gandhi. Pode matar inocentes e até seguidores da ideologia dos próprios terroristas. 
Gandhi defendia e seguia o princípio de ahimsa (não violência), conceito hinduísta próximo do wu wei (não ação) taoísta. No caso, ahimsa é um tipo de apreço incondicional por todas as criaturas vivas. Ahimsa era bastante observada, sobretudo entre os jainas em cujo meio Gandhi se criou. "O ódio tem que ser conquistado pelo amor; o mal tem que ser vencido pelo bem", como disse Gandhi. Em suma, ahimsa é usada no sentido de amor puro e perfeito, o que implica bondade, compaixão e servir aos outros desprendidamente.
O modelo do avental pode parecer um tanto complexo, no entanto, é importante ressaltar que ele foi formulado para acomodar crenças diversas e diversificadas (premissas fundamentais de visões de mundo) no movimento da ecologia profunda. Até mesmo alguém que, por dever de ofício, deve seguir uma ecologia rasa no nível 4, pode ser aceito no nível 3 e superiores. Afinal, quem segue essa tendência já tem alguma sensibilidade para com o problema ambiental. Desprezar essa sensibilidade é perder um apoio que pode ser importante em determinadas circunstâncias. Como se vê, uma característica importante da ecologia profunda é a tolerância, que tem a ver diretamente com a diversidade. Ser tolerante é aceitar o diferente7.   
Gostaria de lembrar o livro O tao da física, de Fritjof Capra. Além de ter inspirado o título de Couto (2012), ele me mostrou que não apenas a ecologia profunda tem muitas afinidades com o taoísmo. Como físico que é, Capra mostrou que na física moderna, como na teoria de relatividade, na mecânica quântica e em outras teorias físicas também se podem ver essas afinidades. Não é para menos que o termo "tao" ocorra no próprio título do livro, embora Capra fale de diversas outras manifestações do "misticismo" oriental, como o hinduísmo, o zen-budismo e outras. Enfim, retornando à ecologia profunda, creio que não seria inapropriado chamá-la de ecologia harmoniosa, ecologia comunial e até ecologia taoísta, uma vez que um de seus objetivos é justamente compatibilizar (harmonizar) visões aparentemente diferentes em prol da mesma causa, que é a do meio ambiente, numa atitude biocêntrica e ecocêntrica, e não antropocêntrica nem egocêntrica, como a que existe no mundo capitalista globalizado ocidental. Tanto que Naess e seguidores defendem uma ênfase no "eu ecológico", por oposição ao ego, que pode levar a um egoísmo paroxístico. A denominação "ecologia harmoniosa" está em perfeita sintonia com o conceito linguistico-ecossistêmico de comunhão. Ela implica a ideia de que conceitos polares não são antagônicos, mas dois lados extremos de um todo.
O filósofo Alan Drengson8, seguidor da ecologia profunda e criador de seu órgão oficial, The trumpeter, apresenta um resumo das características dessa ecofilosofia que considera suas favoritas. São elas:

1) Tudo está relacionado a tudo; 2) aja de modo suave; 3) qualquer coisa pode acontecer; 4) a realidade são todas as possibilidades; 5) viva e deixe viver; 6) a feição do movimento da ecologia profunda é longa e profunda; 7) com as montanhas aprendemos a ser modestos, seu tamanho nos faz sentir pequenos e humildes e, com isso, participamos de sua grandeza; 8) procure a verdade, mas não alardeie o fato; 9) todos nós agimos como se tivéssemos uma visão total; 10) procure uma visão total, mas esteja sempre aberto para novas vistas e perspectivas; 11) procure o centro de um conflito e trate os oponentes com o máximo de respeito; 12) seja não violento na linguagem, no julgamento e na ação; 13) procure comunicação total e completa; 14) esteja aberto a se fazer mais preciso e claro; 15) enfatize sentimentos positivos e ativos; 16) emoções negativas passivas nos definham e nos fazem menores; 17) questione-se profundamente; 18) nenhum de nós indica o que dizemos com grande precisão; 19) realize-se e ajude outros a realizarem-se; 20) quanto mais diversidade, melhor; 21) alta qualidade de vida não depende de alto consumo material; 22) encontre alegria em coisas simples; 23) complexidade, não complicação; 24) simples em meios, rico em fins; 25) não há pesquisa desinteressada; 26) sonde seus valores, sentimentos e julgamentos; 27) tudo está aberto à investigação; 28) não reducionismo positivista, mas experiência total unificada; 29) nossas experiências espontâneas são muito mais ricas do que qualquer abstração sobre elas; 30) qualquer evento tem muitas descrições e aspectos; 31) a qualidade de nossas experiências depende da escolha de normas; 32) acredite, não duvide, acredite e investigue; 33) investigação aberta não é especialização; ela está aberta a qualquer um e é transdisciplinar; 34) nós nos subestimamos muito; 35) a filosofia começa e termina com espanto9. 

Todos os princípios taoístas estão presentes também na ecologia profunda. São eles:

1) holismo
2) harmonia
3) impermanência
4) adaptação/interação
5) polaridade (em menor grau, mas veja a discussão dos opostos "água quente" versus "água fria")
6) anarquismo (Naess chega a citar Kropotkin)
7) intuicionismo
8) moderação

Gostaria de lembrar que até mesmo a dialética de termos polares, muito discutida entre os taoístas, tem sido discutida no seio da ecologia profunda. A propósito da água, Naess mostrou que podemos senti-la como quente ou como fria, dependendo do meio circundante e de como está nosso corpo. Tudo isso justifica compararmos taoísmo e ecologia profunda (cf. Couto 2011). 

Notas
1. Em Couto (2007, p. 22-38), há uma detalhada apresentação dos conceitos e da história da ecologia biológica, começando pelo proponente do termo em 1866, Ernst Haeckel (1834-1919).
2. Ver Naess (1973), reproduzido Drengson & Inoue (orgs.) 1995, pp. 49-53, e em muitas outras publicações, inclusive na internet. Ver nota 9.
3. Uma das primeiras obras a apresentar estes princípios é Deep ecology, de Bill Devall & George Sessions (Salt Lake City: Gibbs Smith, 1985). Esse livro está traduzido para o português como Ecologia profunda: dar prioridade à natureza em nossa  vida (Aguas Santas, Portugal: Edições Sempre-Em-Pé, 20014). Em Drengson & Inoue (orgs.) 1995, p. 155-166, eles estão reproduzidos. Há uma outra versão deles formulada por David Rothenberg (p. 155-166 da mesma coletânea). Eles se encontram também em vários sites, como o mencionado na nota 4. Para Mary E. Tucker: "1. A natureza é primária; os humanos, secundários. 2. A natureza tem valor inerente. 3. Hierarquias resultam em dominação. 4. O que favorece a natureza é importante; o que a destrói é problemático. 5. Harmonia com a natureza é essencial; a autorrealização humana é conseguida em relação e em harmonia com a natureza" (in: Barnhill & Gottlieb, org., 2001, p. 128). Ver também onze princípios sugeridos por Barnhill & Gottlieb, na página 6. Vários outros autores sugeriram outros elencos de princípios.
4. Ver George Sessions (1992) "Arne Naess & the union of theory & practice", The trumpeter 9,2. Disponível em: http://trumpeter.athabascau.ca/index.php/trumpet/article/view/436/715 (acesso: 01/05/2009).

5. Isto é uma das "quatro leis da ecologia" formuladas pelo físico, ecologista e político norte-americano Barry Commoner, no livro The closing circle: Nature, man, and technology (New York: Knopf, 1971). Essas leis são as seguintes: 1. Tudo está ligado a tudo; 2. Tudo vai para algum lugar; 3. A natureza sabe mais; 4. Não há almoço de graça.
6. Eu, por exemplo, tenho como premissas fundamentais a ecosofia A, de "arvinha", uma pequena árvore em frente a nossa casa na zona rural. Eu, meus irmãos e amigos vivíamos encarapitados nela. Era uma referência para nós. Havia uma simbiose perfeita entre nós e a pequena árvore. O nome dela passou a ser o do presente blog.  
7. A maior parte da obra de Naess está em dinamarquês. Em inglês também já existe muita coisa, como Naess (1989, 2002), Drengson & Inoue (1995) e outros. A revista oficial do movimento da ecologia profunda é The trumpeter, publicada desde 1983 (ver nota 4). A editora holandesa Springer (ex-Kluwer) publicou as obras selecionadas de Arne Naess em dez volumes, em 2005.
8. Além dele, os principais seguidores da ecologia profunda são George Sessions, Bill Devall, David Rothenberg, Warwick Fox, Michael E. Zimmerman e Harold Glasser, entre outros.
9. Alan Drengson, 2005, "The life and work of Arne Naess: An appreciative overview", in The trumpeter vol. 21, n. 1 The life and work of Arne Naess: An appreciative overview (acesso, 10/01/2018)

Referências
Capra, Fritjof. 2002. O tao da física. São Paulo: Editora Cultrix, 21a ed.
Couto, Hildo Honório do. 2011. Semântica taoísta. Polifonia v. 18, n. 23, 2011, p. 67-90. Disponível em:
_______. 2017. Comunhão. Disponível em:
Drengson, Alan; Inoue, Yuichi (orgs.). 1995. The Deep Ecology Movement. Berkeley: North Atlantic Books.
Lovelock, James. Gaia: Um novo olhar sobre a vida na terra. Lisboa: Edições 70, 2001.
Naess, Arne. 1973. The shallow and the deep, long-range ecology movement: A summary. Inquiry 16, 1973, p. 95-100.
_______. 1989. Ecology, community and lifestyle. Cambridge: Cambridge University Press.
_______. 2002. Lefe's philosophy - Reason & feeling in a deeper world. Athens: The University of Georgia Press.
The trumpeter: http://trumpeter.athabascau.ca/index.php/trumpet/ (acesso: 10/01/2018): Órgão oficial da ecologia profunda.

[Este texto é uma versão ampliada, corrigida e revisada do capítulo 3, intitulado "Ecologia Profunda", de meu livro O tao da linguagem: um caminho suave para a redação. Campinas: Pontes, 2012, p. 49-67]

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